UM GRANDE CENÁRIO PARA TÃO
PEQUENA CRIATURA
Depois de a famosa fase criadora, que teria levado alguns 150 bilhões de anos, desde o átomo de hidrogênio ao mais remoto planeta do nosso sistema, compondo um cenário que sempre atraiu as atenções dos homens e sempre continuará a atraí-lo, eis que o divino Arquiteto (Pv. 8: 30) contempla a Sua obra e verifica só faltar uma coisa para terminar tudo: O HOMEM. Então é convocada a Santíssima Trindade para, em conjunto, prepararem aquele que iria ser o senhor e dominador de tudo que havia sido criado. O homem é o ápice da criação, é a sua cora. Tudo foi feito para ele mesmo que ele em tantas maneiras se revela indigno dessa honraria.
Quando na eternidade foi feito o planejamento da criação do universo, como uma necessidade da própria Divindade, que tinha de se expressar e dar uma demonstração do Seu amor, pois quem ama DÁ, logo surgiu o HOMO, como a complementação da grande obra, como a coroa da criação, Então foi convocada a Trindade, e feito um pouco de barro, as três Pessoas confabularam entre si: FASSAMOS O HOMEM à nossa imagem, conforme a nossa semelhança (Gn. 1: 26). O que esta linguagem significa, não tem sido possível até agora saber, senão por inferência. A divindade não tem forma, pois é Espírito. Então, que significa a declaração: Nossa Imagem? Deus não tem imagem, a menos que o termo que significa imaginação seja alguma coisa imaginada, e queira dar a entender, que tanto quanto Deus pode ser imaginado, então o homem representa esta imaginação. Se pudéssemos dizer que isto expressa a verdade, então o homem é tudo quanto se possa imaginar concernente a Deus, nos limites do tangível, uma transposição do impossível para o possível. Pensam muitos intérpretes que a expressão quer apenas declarar que Deus Criador deu de si uma idéia papável na confecção do homem. Talvez seja por isso que o Salmista declara: “Fizeste-o um pouco menor que Deus ...” (Sl. 8:5). Todavia este salmo se aplica a Jesus humanado ou talvez aos dois. Se é assim, então o homem é apenas um pouco menor do que Deus, e parece ser isso que o texto de Gênesis nos quer ensinar. Efetivamente, examinadas as coisas sem paixão e sem preconceitos, o homem é mesmo quase um deus, tais e tantos os seus talentos, as suas habilidades, a sua capacidade. Se tivesse os atributos físicos de Deus, seria mesmo um deus. Como o problema filosófico torna impossível um Deus criar outro, mesmo porque não há lugar no universo para dois, então o homem aproxima-se de deus, mas não é Deus.
A outra parte da frase, NOSSA SEMELHANÇA, parece ser mais, facilmente compreensível. O homem em tudo se assemelha a Deus. O seu pensamento percorre o infinito, a sua capacidade criadora transcende os domínios do normal. O homem é semelhança do seu Criador e com Ele se assemelha.
Resumindo estas breves considerações, podemos concluir que o Deus invisível, intangível, infinito, plasmou-se no homem de tal modo, que ele não pudesse fundir-se com qualquer criatura, das muitas que antes havia feito surgir. É certo que a natureza, como um todo, nos revela Deus e até os teólogos criaram o que se chama “Teologia Natural”, isto é, um compêndio da criação por onde se pode ver e compreender, nos limites do humano, o Deus Criador, Paulo, o grande intérprete de Deus, pôde chegar ao ponto de exclamar: “O que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles (os homens), porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem desde o princípio do mundo” (Rm. 1: 19,20). O homem, então, não é Deus, mas entende a Deus e foi feito para expressar a Deus, para a representar no cenário da criação. O homem é o deus que manda na coisa criada e a governa, feito mesmo para “ter domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre os répteis que se arrastam pela terra” (Gn. 1:26).